Raízes
da padronagem dentro da tecelagem Européia
As
estampas
podem tanto ser aplicadas sobre a superfície dos tecidos como
trabalhadas na própria estrutura do mesmo, durante a
tecelagem.
Dos vários e diferentes métodos de estamparia a técnica
de uso de blocos de madeira é a mais antiga. Mais tarde
surgiram
as estampas utilizando a tela de stencil e os rolos de cobre
gravados.Os fenícios produziram os primeiros tecidos estampados, usando o método de estamparia em blocos e a tecelagem trabalhada em fios de diversas cores formando estampas muito apreciadas pelo mercado. Outro método usado era o stencil, em diferentes estamparias, além de bordados em cores ricas e vibrantes. Na verdade, tecidos estampados apenas passaram a ser utilizados na Europa após o século XVII. Porém, existem exemplos de estamparia utilizando blocos de madeira sobre linho, durante a Idade Média, técnica esta que foi muito provavelmente trazida da Ásia e introduzida pelos romanos na Europa. A Índia era mestra na arte de estamparia sendo que seus produtos superavam, em muito, o trabalho feito pelos Persas e Egípcios.
Estampas usando técnica de serigrafia sobre linho foram escavadas pelos arqueólogos em tumbas egípcias de 8.000 anos. Seda estampada foi encontrada em escavações a leste do Turkistão e Kansu muito provavelmente originárias da dinastia Tang chinesa.
Hoje este xadrez vermelho e branco é conhecido por padronagem "Medevi square" e considerado a marca registrada do xadrez sueco assim como a padronagem xadrez branco e preto é conhecido como “Vichy”.
Já os Tartans, tão famosos símbolos dos clãs escoceses surgiram, com este específico propósito, apenas no século XVIII. A falta de tecnologia indispensável para a imensa quantidade de diferentes combinações de tons que classificam os vários clãs, impossibilitava o tingimento homogêneo do fio, necessário para a confecção da padronagem xadrez complexa dos tartans.
Contudo existe evidência da existência de tartans que datam do século 3 a.C.. Escavações arqueológicas, perto de Falkirk descobriram um jarro de terracota com moedas de prata, no qual um pedaço de pano xadrez, nas cores marrom e branca, fora usado como tampa.
Referencias à tartans ocorrem em vários documentos, pinturas e ilustrações. Uma carta patente em favor de Hector MacLean of Duart, de 1587, garante a concessão de terras em Islay e detalha o pagamento de 60 ells de tecido nas cores branca, preta e verde (as cores do tartan de caça do clã MacLean of Duart).
A palavra Tartan significava, originalmente, “tecido de lã leve” e origina-se do francês tiretaine ou do espanhol tiritana.
Difusão
das estampas na Europa
Foi
partir do ano
1000, quando Veneza estabeleceu sua posição como porto
de difusão de mercadorias entre o Leste e o Oeste que os
tecidos
estampados começaram a ganhar força na moda européia.
De todas as transações comerciais importantes, Veneza
dava prioridade à importação de seda e tecidos
preciosos, assim como especiarias e gemas do Oriente. Para os espanhóis dos séculos XIV e XV a seda era muito cobiçada pois refletia uma distinção soberba que os atraia devido a seu temperamento. Por volta do ano 1200 aconteceram várias mudanças importantes, entre elas o fato das cores deixarem de possuir um significado simbólico, deixando de serem usadas com o propósito específico de indicar as diferenças de classes – papel este que passou a ser exercido pelo tecido, no caso a seda, devido ao seu alto valor de mercado.
Surgiu então uma imensa variedade de padrões de estamparia como listras, quadrados axadrezados e figuras.
Apesar do trabalho dos centros têxteis europeus, os tecidos orientais continuavam a exercer forte atração sobre os países ocidentais: musselina de seda e ouro de Mossul; tecidos adamascados, isto é, com padronagem de Damasco e Pérsia; sedas baldacchino decoradas com pequenas figuras; sendo estas encontradas até na Inglaterra; tecidos da Antioquia com pequenos pássaros dourados ou azuis sobre campos vermelhos ou pretos. Os tecidos orientais eram muito apreciados por causa de suas padronagens mas, principalmente, devido a sua perfeição técnica.
No século XV os padrões florais assumiram dimensões exageradas, com grandes romãs ou cardos estampados entre linhas sinuosas.
Tecidos estampados com flores miúdas, ainda tão comuns nos dias de hoje, surgiram por volta de 1800, nos Estados Unidos, com a adoção das primeiras máquinas de estampar. A empresa Thorp, Siddel and Company, instalava em Philadelphia a primeira dessas máquinas em 1810. Dentro de poucos anos passava a existir uma grande quantidade de empresas de estamparia, mesmo no pequeno estado de Rhode Island. Entre estas, exemplos de tecidos da Allen Print Works, da Clyde Bleachery e da Print Works ainda podem ser encontrados no Museum of American Textile History em North Andover, Massachussets, possibilitando confirmar que a padronagem era de pequenas flores espalhadas por toda a superfície do tecido, que acabou sendo conhecido como “calicoes” ou chita.
A partir de meados do século dezoito estas padronagens voltaram a se tornar menos populares, com a preferência se voltando a cenas mais delicadas, como as imagens dos campos franceses e ingleses.
No início do século vinte, os designers modernistas e Art Deco raramente usavam tecidos com padronagens pictográficas. Esse tipo de padronagem sofreu um revival apenas no final do século vinte.
Outro fenômeno importante do final do século XX são as padronagens inspiradas pela arte Manga, os famosos quadrinhos japoneses. À primeira vista estes parecem ser uma versão oriental das histórias em quadrinhos ocidentais. Isto é uma realidade parcial, pois ainda que alguns aspectos do manga tenham sido extraídos do ocidente, uma vez que Osamu Tezuka, o “pai” do manga tenha sido influenciado por Disney e Max Fleisher, sua estrutura básica pode ser encontrada na arte japonesa.
Os padrões dos tecidos usados pela corte imperial japonesa eram chamados yüsoko e estes se tornaram os padrões básicos para todas as variações usadas a partir desta época. Os padrões principais do yüsoko apresentavam as seguintes versões: treliças diagonais; losangos, arabescos, vinhas; xadrezes; círculos entrelaçados e medalhões com flores, plantas, pássaros e insetos. As primeiras estampas “livres” apresentavam plantas e animais, reais ou míticos, além de objetos, geralmente agrupados em combinações sazonais ou auspiciosas.
A partir de 1544, mercadores europeus introduziram mercadorias estrangeiras em terras japonesas. Entretanto em 1638, a capital do Japão foi transferida para Edo, (hoje Tókio) e promoveu-se uma política de isolacionismo, cortando o Japão das influencias culturais externas. Isto possibilitou um desenvolvimento artístico único, sem influências que culminou, no século 17 no Ukiyo-e ou “imagens do mundo flutuante”. Pode-se dizer que o Ukiyo-e é a expressão primeva da arte Manga. São as estampas feitas com blocos de madeira, criadas durante a estabilidade próspera do Shogunato Tokugawa, que acabou exercendo profunda influência sobre o Impressionismo e Pós-Impressionismo na Europa.
Dentre os trabalhos mais significativos da arte Ukiyo-e destacam-se os de Hishikawa Moronobu (1618-1694) em estampas preto e branco (chimai-e); Suzuki Harunobu (1725-1770) cujo trabalho é associado ao primeiro nishiki, ou estampas policromáticas lembrando brocado; Ando Hiroshige (1797-1858) conhecido por suas ilustrações de viagens; Kitagawa Utamaro (1753-1806) especialista em bijin-ga, “beleza feminina”; Katsushika Hokusai (1760-1849) conhecido por suas dramáticas paisagens marinhas em azul e branco e Utagawa Kuniyoshi (1798-1861) que trabalhava com coloridas cenas de ação apresentando animais e pássaros.
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